terça-feira, 11 de janeiro de 2011

CyberBullying

“Feio! Gordo! Nanica! Dentuça! Quatro olhos!’’  Quem nunca teve um apelido maldoso? Difícil existir uma exceção.  O problema começa quando esses “apelidos” começam a se agravar e a se tornar cada vez mais intensos e maldosos. Esse tipo de agressão é bastante conhecido, principalmente no ambiente escolar e com crianças e adolescentes entre 10 e 16 anos. Bullying é o nome a qual atribuímos para esses tipos de agressões, intencionais, verbais e até mesmo físicas de uma ou mais pessoas contra uma ou mais pessoas, afetando sua vida fisicamente e emocionalmente.

Apesar da existência e da força com que o bullying vem crescendo outro fator que vem se agravando cada dia que passa é o bullying virtual ou o cyberbullying. Internet, celular, mensagens com imagens e comentários depreciativos podem tornar o bullying ainda mais perverso e fazer com que essa difamação seja mais rápida. O espaço virtual, para os agressores é um local ilimitado, o poder de agressão aumenta e a vítima se sente intimidada fora do ambiente escolar, de trabalho, e muitas vezes, não sabe o que fazer e nem como se defender.

Todos nós sabemos o quanto crianças e jovens podem ser perversos, nunca deixam passar nada e tudo é motivo para chacota, coisa que já vem de muito tempo atrás, mas a maneira como pesquisadores, médicos e professores encaram esse tipo de problema vem mudando, tratando-o com muito mais seriedade, tentando entender, prevenir e resolver tais situações. A principal característica do cyberbullying é que a agressão é sempre intencional e a tecnologia só ajuda com e-mails ameaçadores, mensagens negativas em sites de relacionamentos e várias outras formas.

De acordo com o site HTTP://revistaescola.abril.com.br  existem três motivos que tornam o cyberbullying  mais cruel que o bullying tradicional:

“- No espaço virtual, os xingamentos e as provocações estão permanentemente atormentando as vítimas. Antes, o constrangimento ficava restrito aos momentos de convívio dentro da escola. Agora é o tempo todo.

- Os jovens utilizam cada vez mais ferramentas de internet e de troca de mensagens via celular- e muitas vezes se expõem mais do que devem.

- A tecnologia permite que, em alguns casos, seja muito difícil identificar o(s) agressor(es), o que aumenta a sensação de impotência.”

Cyberbullying é mais frequente que bullying, diz estudo piorneiro.

Perfis : Agressor, vítima e espectador

Nessa peça de horrores costumamos pensar em apenas dois personagens, vítima e agressor, mas também devemos dar uma devida importância para a platéia de tal espetáculo.
 A vítima costuma ser aquele garoto ou aquela garota que é tímido, que tem a aparência física diferenciada dos demais, uma religião diferente e até mesmo um comportamento atípico. Quando agredida se sente retraída e insegura, se tornando mais vulnerável aos ataques e mais propícias a alguns tipos de doenças, “como angústia, ataques de ansiedade, transtorno do pânico, depressão, anorexia e bulimia e ainda fobia escolar e alguns problemas de socialização, o que pode levar, inclusive, ao suicídio”. (Ana Beatriz Barbosa Silva, médica e autora do livro Bullying: Mentes Perigosas na Escola).  As vítimas, por terem esse perfil, não sabem como se livrar do cyberbullying, têm medo de se manifestar.

O agressor geralmente é aquele que quer ser o popular da turma e acha que com humilhações vai se sentir superior, poderoso. Alguém que desconta a sua raiva em alguém que não tem nada a ver, e se sente satisfeito com a reação da vítima. Tudo que o agressor tem a seu favor para a prática do cyberbullying é o anonimato, usa a tecnologia virtual por não ser julgado, por não estar exposto aos demais.

Temos também aquela pessoa que é fundamental para contribuir na continuidade do conflito, o espectador. Aquela pessoa que não defende a vítima, mas também não se junta ao agressor. Se receber uma mensagem, uma foto, algo contra a vítima, não repassa mas também não denuncia tais atos, muitas vezes por medo de se tornarem vítimas. Existe também o chamado “expectador ativo”, é o que reforça, o que ri, não participa das agressões, mas incentiva a ação, se tornando co-autores.

Como a escola pode ajudar?

Por volta dos 10 ou 12 anos, a criança passa a construir sua própria personalidade, fora daquilo que sempre recebeu em casa, ela vai começar a lidar com a sua própria imagem, vai chegar à necessidade de pertencer a um grupo, e é principalmente nesse momento que aparece alguns padrões que se contrariados, podem ter conseqüências piores.

Por isso que a escola precisa ter um papel fundamental nessa fase, o cyberbullying não é uma brincadeira qualquer, por mais que a agressão seja virtual, o estrago que faz é real. A escola pode ajudar a prevenir ensinando a criar relacionamentos saudáveis em que os colegas aceitem as diferenças entre eles, deixar um tempo pra eles conversarem, se conhecerem, nessa idade os alunos se espelham muitos nos professores, então eles precisam dar bons exemplos, mostrar os limites, alertar como a tecnologia pode ser benéfica e maléfica, entre outros.
E o mais importante é eles estarem sempre atentos com a mudança de comportamento dos alunos, pois é assim que podem reconhecer os sinais de que algo esta diferente, prejudicando e atrapalhando o seu desenvolvimento.
Os pais também precisam ficar atentos, participar da vida do seu filho, acompanhar a relação dele na internet, deixar o computador em uma “área publica”, demonstrar interesse sobre esse universo digital, orientar que não é apenas nas ruas que existem pessoas perigosas, e que a internet esta sendo muito usada para maldades.
O blog HTTP://dnt.adv.br/noticias/dicas-de-como-os-pais-podem-orientar-os-filhos-para-o-uso-seguro-da-rede/ _ (Cartilha – Dicas de como os pais podem orientar os filhos para o uso seguro da rede) traz de maneira bem simples mais dicas de como prevenir e agir sobre o tema.

Redes Sociais e o Cyberbullying

Nesse grande passo que a tecnologia deu alguns mecanismos foram sendo inseridos na sociedade e assim as famosas redes sociais foram surgindo, com o intuito de interagir pessoas de lugares diferentes, que por algum motivo perderam contato ou até mesmo para ser um meio de conhecer novas pessoas. Mas a verdadeira realidade, é que, ultimamente, estão sendo utilizadas por muitos dos seus usuários para praticarem agressões.

O cyberbullying é praticado no Brasil pelas redes sociais mais comuns como Orkut, Facebook e Twitter. Estudando em especial o Orkut, foram encontradas 39 comunidades usando o tema principal cyberbullying. Em uma delas, (ANTI - CYBERbullying) foi feita uma enquete com a seguinte pergunta:  “você já sofreu alguma violência virtual? Qual ?”. De 129 votos, 31 falaram que sim, através de mensagens agressivas, 23 através de fofocas e comentários, 18 através de e-mails, 16 de pessoas que perseguem, 13 através de roubo de fotos ou dados, 20 falaram que nunca sofreram, e 8 de outras formas.
Além dessas várias comunidades relacionadas ao cyberbullying, falando sobre tal ou sendo contra, existem comunidades que literalmente praticam a agressão, que difamam pessoas, que abrem tópicos para agredir, caluniar e atingir negativamente um ou mais indivíduos.

Cyberbullying no Brasil

Uma junção de bullying- comportamentos agressivos, sem alguma razão para tais atos acorrendo principalmente entre crianças e adolescentes. Cyberbullying veio com força total por ser mais prático e fácil para os agressores.
Um pesquisa com 2.160 internautas do país com idades de 10 a 17 anos realizada pelo Safernet, ONG de defesa dos direitos humanos na internet mostrou que 38% dos jovens revelou ter algum amigo, conhecido que já sofreu ou sofre de cyberbullying, mas que somente 7%  afirmam ter ouvido algum desabafo.
No Brasil, não há casos que levaram a consequências extremas como o caso da jovem Megan Meier, que se suicidou nos Estados Unidos em 2006, aos 13 anos. Onde a mesma tinha depressão e a responsável pela intimidação virtual da jovem foi Lori Drew, de 49 anos, que se passou por um homem e de repente rompeu contatos virtuais com a jovem. O motivo da agressão foi que a Lori Dreaw tinha como objetivo humilhar a jovem por ter espalhado boatos de sua filha.

Mas a prática do cyberbullying também é comum por aqui. Comunidades e perfis falsos no Orkut, contas fraudulentas no Twitter e blogs anônimos são algumas das formas encontradas pelos agressores virtuais para atormentar suas vítimas.
Um dos caso mais recentes foi a da Geisy Arruda que depois de ter sofrido uma humilhação na sua faculdade (Uniban, em São Bernardo do Campo -SP),onde estudava no período noturno. Foi postado um vídeo dela na internet sendo hostilizada. Causando uma fama repentina na moça.
A faculdade foi processada, e graças a esse episódio Geisy Arruda que antes não passava de uma anônima, posou para capas de revistas, realizou cirurgias plásticas e participou de um reality show de grande audiência na televisão brasileira.

Criar comunidades no Orkut que difamam pessoas trazendo sérios problemas pra vida das
mesmas vendo virando modinha.  Professoras e alunos considerados “nerds” são em geral os mais
vulneráveis a esses tipos de agreções. Hoje as pessoas vêem com mais clareza que não só o
bullying, mas também o cyberbullying são problemas sociais que vem se agravando cada dia
mais,  trazendo problemas psicológicos drásticos para as vítimas. Redes de TV como Rede Record
e Globo vem tratando com seriedade esse tema, com o intuito de mostrar, prevenir e se de
defender de tal.

No fim do ano de 2010, a Rede Globo mostrou uma minissérie onde o ex-namorado da atriz principal filmou eles intimamente e colocou na internet o que gerou pra vítima problemas pessoas e no trabalho, sem contar a exposição que ela sofreu.
Outro exemplo bacana é a campanha contra o bullying que a Rede Globo promoveu no meio do ano de 2010. Vários atores se mobilizaram, para levar informações e tentar diminuir esse problema.


Mas, e a punição?

A punição varia de caso para caso. Como ainda não existe uma lei que trata diretamente sobre qual a punição certa para o agressor, a pena varia de uma multa a uma prisão.
O blog “O DIREITO E AS NOVAS TECNOLOGIAS” surgiu da iniciativa do Dr. Alexandre Atheniense, advogado e professor, pelo interesse em prover aos seus leitores aficcionados pelos diversos temas relacionados sobre o Direito e a tecnologia no Brasil e no exterior. Com atualização diária através do relato de opiniões, tendências, notícias, jurisprudência e legislações propicia uma rica e atualizada fonte de pesquisa.
A maioria dos agressores que praticam cyberbullying são adolescentes, sendo assim, grande parte das punições estão previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
É notório que tanto manifestações por parte do agressor quanto do agredido são fáceis de serem observadas pelos pais. Se faz necessário a interação entre pais e escola na monitoração dos adolescentes.
Esse site é um dos que são utilizados para denúncias.< http://www.safernet.org.br/site/>.
Da mesma forma que são encontrados sites de relacionamentos com presença de cyberbullying, há também a presença de blogs, comunidades no Orkut e outras mais, que são utilizadas para denúncias, queixas, depoimentos de pessoas que já sofreram ou sofrem cyberbullying.

"Mãe é condenada a pagar indenização por cyberbullying cometudo pelo filho no Rio Grande do Sul" : http://extra.globo.com/noticias/brasil/mae-condenada-pagar-indenizacao-por-cyberbullying-cometido-pelo-filho-no-rio-grande-do-sul-150523.html